sexta-feira, 20 de maio de 2011

FRUTO DO SUOR

FRUTO DO SUOR

O Zé da Floresta é famoso
Na rua Wenceslau Brás
Aqui ele é dono de tudo
Porque foi valente demais

Enquanto os outros divertem
Trabalha de sol a sol

Muita gente o inveja
Mas não quer imitar
Pois só quer colher o fruto
Que jamais ousou plantar

Largue o Zé com a sua vida
Que dela ele sabe cuidar
Pois veio lá da Espanha
Tentando seu pão ganhar

Soube dar valor à terra
E dela o sustento tirou
Se privou de qualquer luxo
Pois somente ele sabia
O suor que exalou

Quem quiser falar do Zé
Não se esqueça de lembrar
Ele é aquele imigrante
Que soube bem trabalhar

Deixando sua terra lá longe
História ele tem pra contar
Caso alguém o queira ouvir
Muito vai se emocionar

Então deixe o Zé sossegado
Que ele não é o culpado
De ter gente aqui do lado
Que não tem onde morar

11/01/2006

Na década de cinquenta, éramos inquilinos do Sr. José, como muitos moradores daquela rua. Toda vez que ele queria aumentar o aluguel, os adultos diziam que ele era estrangeiro, e que veio se enriquecer aqui no Brasil.

terça-feira, 17 de maio de 2011

UMA TURISTA DESLUMBRADA

UMA TURISTA DESLUMBRADA

Nessa vida me sinto turista
Não há sequer um momento
Nem mesmo uma leve visão
Que não fiquem bem marcados
Dentro do meu coração

Minha paixão pela música
Parece até fixação
Eu a ouço nos ouvidos
Mas nota por nota circula
Nas veias de todo meu corpo
Fazendo pulsar meu coração

Pela flores me deslumbro
Chegam a me hipnotizar
Se alguém se encontra por perto
Sinto-me até constrangida
Por não saber dissimular

No amor fiquei a estagiar
Na fidelidade do homem
Não consegui confiar

Sempre tive a impressão
Que cartas ele tinha na manga
Pra no fim ganhar sozinho
Como nos jogos de azar

Dessa família que descendo
Injustiça doída e contínua
A maioria enxergou em mim
Uma estranha no ninho

Que há muito aqui se instalou
E que mais tarde não soube
Qual era o momento exato
De voltar por onde andou

Acontece que
Eu perdi a noção do tempo
Minha trilha dos meus olhos escapou
A beleza contida nesse planeta
Por meio século me aprisionou

(06/03/2007)

sábado, 14 de maio de 2011

FALTA DE DIVERSÃO

FALTA DE DIVERSÃO

O PADRE REZAVA A MISSA
MAS DEPOIS QUE TERMINAVA
JUNTAVAM AS MOÇAS DA ELITE
DA SUA BARRA NÃO LARGAVAM

FICAVA UM MONTE DE GENTE
NO CENTRO O COITADO DO PADRE
AO REDOR AS MOÇAS BONITAS
QUE NÃO O LARGAVAM PRA NADA

TODO MUNDO REPARAVA
MAS ELAS NEM SE IMPORTAVAM
QUEM SABE ERAM MUITO INOCENTES
NÃO TINHAM NOÇÃO DE NADA

ESQUECENDO O CELIBATO
SUA BARRA NÃO LARGAVAM

ELE TINHA VOCAÇÃO
PARA A RELIGIÃO QUE ESCOLHEU
SOFREU MUITA TENTAÇÃO
PARECE QUE TODAS VENCEU

NUNCA LARGOU A BATINA
E CONTINUOU SERVINDO À DEUS


12/01/2006

sexta-feira, 13 de maio de 2011

E AGORA, MARIA?

E AGORA, MARIA?

Há poucos anos, numa tarde eu fui na padaria aqui, da esquina.

É raro eu comprar lá, porque o pão não tem qualidade.

Enquanto o rapaz me atendia, olhei para a porta, e vi uma menina de uns cinco anos, franzina, encostada no canto, com um pé no chão e o outro, apoiando-se na parede. Seus pés descalços chamaram a minha atenção, porque hoje em dia, não é comum ver alguém sem algo pra calçar.

Olhei para o rosto dela. Ela me olhava fixamente, com um olhar sereno, parecendo me admirar. De que, não sei.

Naquele momento eu tive vontade de agradá-la comprando-lhe alguma guloseima, mas uma pressa que não sei pra quê, me fez sair de lá sem fazer nada. Eu nunca a tinha visto. Ao sair, sorri pra ela, mas nem tive tempo de ver se ela correspondeu.

Não a esquecia, e pensava assim: Amanhã eu vou lá, procuro saber quem é, e faço um agrado. Mas não fiz nada.

Passaram-se três dias. Era sábado, por volta das duas horas da tarde, quando, da cozinha, ouvi um grande barulho e uns gritos. Minhas irmãs e minha mãe estavam no terreiro, e também ficaram apavoradas.

Fomos para a varanda que dá para a rua, para sabermos. Nesse momento, o dono da padaria passou aqui em frente, dirigindo devagarinho.

No banco de trás, a esposa dele, e uma menina deitada, parecendo morta.

Pensei assim: Não é possível... É ela!!

Chorei muito, muito, e contei o episódio para todos.

Fiquei ansiosa para saber mais. Fui na rua, e os vizinhos falaram que o pai dela estava fazendo um serviço em cima da laje nos fundos da padaria. Ela subiu lá, e caiu.

Nesse dia eu não soube mais nada. Na manhã seguinte eu fui na padaria e a dona estava lá. Perguntei sobre. De um jeito muito frio, ela disse que a levaram para o Hospital Regional do centro, e que ela passava bem. Falou para eu não me preocupar, porque aquela gente parecia cigano, e que tinha poucos dias que haviam chegado ali.

Ela se expressava como se se tratasse de um lixo.

Eu disse que iria visitá-la, e ela respondeu que eu não devia, porque ela estava bem e teria alta a qualquer momento.

Apesar de sua atitude estranha, eu não fui no hospital, acreditando que a menina voltaria. Eram inquilinos deles.

Voltei lá mais duas vezes, e ela me disse que eles haviam se mudado para outro estado, acho que; Tocantins, e que eu não me preocupasse com nada . Vi que ela não queria mais falar no assunto, e eu a importunava.

Voltei pra casa sentindo-me derrotada por mim mesma, e detestando o meu jeito de ser: “Devagar, quase parando”. Não sei o que houve com a menina. Não sei se ela morreu.

Perdi essa chance.

Nenhum momento se repete. Mas a consciência pesada, dura a vida inteira.

E AGORA, MARIA?

(10/04/2011)

segunda-feira, 9 de maio de 2011

LABUTA


LABUTA

Também na Wenceslau
A dona Luizinha morava
Com muita dificuldade
Uma vida difícil levava

Apressada ela saía
No meio da madrugada
Pra lenha buscar no mato
E em casa não faltar nada

Ao chegar fazia o almoço
Para aqueles quatro filhos
Que há muito a esperavam

À tarde pra beira do rio
Outra vez pra labuta ela ia

Na cabeça carregava
Carumbé, enxada e peneira
Com o corpo banhado em suor
Garimpava a tarde inteira

13/01/2006

quinta-feira, 5 de maio de 2011

SEM PROCURAR RESPOSTAS, APENAS RELATO OS FATOS.

SEM PROCURAR RESPOSTAS, APENAS RELATO OS FATOS


Há muitos anos, meu patrão me transferiu para uma madeireira que ele estava terminando de instalar. Era na mesma cidade que moro. O local ainda não tinha nenhum conforto. Era um galpão abarrotado de madeira, com o chão cheio de serragem, que deixávamos ali, como um tapete, até que tudo fosse ajeitado.

Era só eu de mulher, mais doze rapazes que faziam o serviço pesado. Eu preferia ficar numa mesa ao ar livre, porque as laterais eram escuras. Perto da mesa tinha um pilar, que foi feito de poste.

Como ainda não havia rondante, meu patrão levou pra lá, um cachorro muito grande, e dócil. Enquanto eu trabalhava, ele ficava deitado perto de mim, encostado no pilar.

Na hora de fechar a loja, ele parecia já saber que era o momento dele entrar em ação, e aí se levantava e ficava andando por todos os cantos como um segurança bem treinado.

Esse patrão tinha muitas esquisitices, mas adorava animais. Tinha a mania de ir colhendo todos que via abandonados pelos caminhos, colocava-os dentro do seu carro, e depois levava-os para a sua fazenda.

Esse rondante, também veio das ruas.

Num dia ele estava meio amuado, e não quis comer. Meu colega examinou-o e disse que ele estava com bicho de pé. Falou que depois de alguns dias, ele mesmo iria tirar os bichos com uma agulha.

Numa manhã, o trabalho era muito, e não demos a atenção que ele merecia. O coitadinho ficou dormindo ali mesmo, sem se mexer.

Eu escrevia rapidamente os lançamentos contábeis, para enviar no dia seguinte para o patrão, que quase não ia lá. Ele tinha outras empresas.

Sem tirar os olhos do papel, eu notei alguma coisa diferente à minha esquerda. Ao olhar, vi um vulto quase preto, no formato do cachorro que dormia. Só que na altura da minha mesa, como uma levitação. Olhei para o chão, e o cachorro estava no mesmo lugar.

Abismada, eu fiquei observando as duas imagens, uma acima da outra, numa altura de um metro mais ou menos.

Nunca ouvi nada parecido, em se tratando de animais. Por fim, conclui que o cachorro deveria estar morrendo. Reparei que ele parecia nem mais respirar.

Nesse momento, eu gritei os rapazes, e liguei imediatamente para o meu patrão. A pata do bichinho estava tão inchada, que parecia uma bola.

Eu disparei a chorar, e falei com o Gilberto, que ele parecia estar nas últimas. Ele ficou apavorado, e ligou para o veterinário. Poucos minutos depois, os dois chegaram lá.

O médico aplicou-lhe duas injeções, e disse que se tratava de uma infecção muito grave. Ali mesmo, ele tirou muitos bichos com o bisturi. O cachorro foi medicado durante uns dez dias, e depois voltou pra lá, ocupando novamente o seu cargo de guardião responsável e dócil.

A sensação que senti foi inigualável, e jamais esquecerei esse episódio.

04/05/2011

segunda-feira, 2 de maio de 2011

MADRE TERESA DE CALCUTÁ

EPISÓDIO ACONTECIDO COM A MADRE TERESA


UM JORNALISTA ESTRANGEIRO, DEPOIS DE OBSERVAR A MADRE TERESA CUIDANDO DOS LEPROSOS, DISSE-LHE:

__MADRE... EU NÃO FARIA ISSO POR UM MILHÃO DE DÓLARES!

ELA LHE RESPONDEU:

__EU TAMBÉM NÃO...