terça-feira, 26 de abril de 2011

ESTAÇÃO

Estação da Central do Brasil (Mariana-MG)

ESTAÇÃO

Naquela estação
Quando o trem de ferro apitava
Pessoas ansiosas
O ente querido esperavam

Quando o trem de ferro parava
Mal abria as suas portas
Elas alegres já se abraçavam

Quando o trem apitava de novo
Seguindo em outra direção
Muita gente ficava triste
Ao despedir-se de outras
Acenando com as mãos

30/03/2006

quinta-feira, 14 de abril de 2011

O ENVIADO

O ENVIADO


HÁ DOIS MIL ANOS ATRÁS
FICOU FAMOSO UM CIDADÃO
QUE COM JUSTIÇA E BONDADE
REBELOU-SE CONTRA A MALDADE

ENSINANDO SÓ O BEM
ESPALHOU POR TODA A PARTE
QUE RIQUEZA E PODER
É BOM QUE NÃO SE COMPARE
COM O VALOR DA CARIDADE

ERA HUMILDE COMO ELE SÓ
NÃO QUERIA OURO NEM GLAMOUR
PORÉM POUCOS O SEGUIRAM
ENXERGANDO O SEU VALOR

IRRITOU TODA A ELITE
AO SER CHAMADO DE REI
PORQUE A COROA DE OURO
SÓ ELA QUERIA TER

A MALDADE E AVAREZA
IMPEDIU QUE ENXERGASSEM
QUE A RIQUEZA E O PODER
QUE ELES QUERIAM MANTER

NÃO TINHA NADA A VER
COM AQUELA LUZ DIVINA
QUE EMANAVA DAQUELE SER

ELE PREGAVA VERDADES
INCOMODANDO A MUITOS
QUE NÃO QUERIAM DAR FIM
NAS SUAS INIQUIDADES

ALI NÃO VIRAM OUTRO JEITO
ENTÃO ASSIM COMBINARAM
EM VEZ DE MUDAREM A SI PRÓPRIOS
SERIA MAIS FÁCIL CONDENÁ-LO

MOSTRARAM QUE TINHAM PODER
USANDO ATÉ DE IRONIA
CRAVARAM NA SUA CABEÇA
UMA COROA DE ESPINHOS
POR ONDE SEU SANGUE ESCORRIA.

29/01/2006

segunda-feira, 11 de abril de 2011

OS CIGANOS

OS CIGANOS


No meio dos anos cinquenta
Uma grande caravana
Trazendo muitos ciganos
Se acampou em Mariana

Pessoas chamativas
Cheias de cores e brilhos
Todas muito bem vestidas
E no corpo das mulheres
Muitas saias compridas

Lenços bonitos de cetim
Cobriam suas cabeças
Deixando as mechas compridas
Deslizando sobre as sedas

Quando o vento aumentava
Aqueles longos cabelos
Pareciam endoidar
E sobre as ondas de ar
Disparavam a dançar

Depois que o vento parava
Pouco a pouco sobre as costas
As mechas se acomodavam

Tornou-se a grande atração
Daquela pequena cidade
Aquele desfile bonito
Que mais fazia lembrar
Cena de filme bíblico

Eles andavam em bando
Enquanto janelas se abriam
Pras pessoas curiosas
Os guardarem na memória

Com grandes brincos de ouro
E também lindos colares
As ciganas nos paravam
Querendo ler nossa sorte

Mal começavam a falar
Para um brilho dourado se notar
Eram os dentes de ouro
Marca forte desse povo
Que sua riqueza queria mostrar

Enquanto elas nos abordavam
Os homens batiam nas portas
Vendendo tachos de cobre
E outros objetos de arte

Alguns tinham sotaque
De uma língua estrangeira
Fazendo esforço pra falar
A nossa língua brasileira

No meio de tantos homens
Um rapaz se destacou

Ele era bem bonito
Alto, magro e elegante
Com cabelos muito pretos
Roupas muito coloridas
Parecia um artista
Numa praça de Madri

Povoou a fantasia
De muitas moças do lugar
Como um príncipe encantado
Que tivesse saído de um livro
Para ali se acampar

Perto da tenda deles
Todas queriam passar
Na esperança que ele
Lhes concedesse um olhar

E pra desencanto delas
Um dia saiu um boato
Que aquele lindo cigano
Ia enfim se casar

O acampamento era imenso
Nós fomos lá para ver
Parecia cenário de um filme
Que alguém estivesse a fazer

As ciganas não paravam
De um lado pro outro andavam
Com vasos sobre a cabeça
Muita água transportavam

Foi num dia de domingo
Que aquele belo cigano
Escolheu pra se enlaçar

Do lado de fora do cercado
Muita gente curiosa
Contemplava a alegria
Daquela gente misteriosa

Leitão assado pra todo lado
Que nós só sentimos o cheiro
Muito vinho nas garrafas
Para aquele povo festeiro

Dançando no centro da tenda
Os noivos estavam felizes
E todos batiam palmas
Igual num conto de fadas

04/04/2006

quinta-feira, 7 de abril de 2011

ROUBANDO A CENA

ROUBANDO A CENA


Numa grande produção
Pra assistir a missa das dez
Colocava-se a melhor roupa
Com destino à igreja da Sé

Roupas bonitas chegavam
Trazendo lindas donzelas
Que numa disputa acirrada
Discretamente roubavam
A atenção dos fiéis

Numa cidade pequena
Onde a vaidade feminina
Não tinha onde se mostrar

Até santos dos altares
O Cristo em diversos lugares
Aquela beleza iria louvar

Por serem os verdadeiros
Donos do amor e da razão
Abriam mão da hierarquia
E àquela platéia se uniam
Praticando o perdão

Já que acertar é o desejo
E meta de cada um
Ali todos recebiam
Muitas graças do Senhor

Pois um pequeno defeito
Também não deixa de ser
Obra do criador
18/01/2006

domingo, 3 de abril de 2011

DUAS JANELAS


DUAS JANELAS


Na rua Wenceslau Brás
Duas velhinhas moravam
Na casa de duas janelas
Onde elas sempre ficavam

A Margarida era meiga
A Carmelita era brava

Se elas tivessem brigado
Naquela janela ficavam
Cada uma pro seu lado

Mas quando estavam de bem
De longe já se percebia
As duas na mesma janela
Deixavam a outra vazia

As duas muito velhinhas
Nenhuma havia casado
Um grande sonho de amor
Por certo haviam sonhado

Portanto naquele tempo
Que tudo era pecado
Certamente foi pro túmulo
Dois grandes sonhos de amor
Que jamais (foi) consumado

11/01/2006