
sexta-feira, 20 de maio de 2011
FRUTO DO SUOR

terça-feira, 17 de maio de 2011
UMA TURISTA DESLUMBRADA

sábado, 14 de maio de 2011
FALTA DE DIVERSÃO

sexta-feira, 13 de maio de 2011
E AGORA, MARIA?

E AGORA, MARIA?
Há poucos anos, numa tarde eu fui na padaria aqui, da esquina.
É raro eu comprar lá, porque o pão não tem qualidade.
Enquanto o rapaz me atendia, olhei para a porta, e vi uma menina de uns cinco anos, franzina, encostada no canto, com um pé no chão e o outro, apoiando-se na parede. Seus pés descalços chamaram a minha atenção, porque hoje em dia, não é comum ver alguém sem algo pra calçar.
Olhei para o rosto dela. Ela me olhava fixamente, com um olhar sereno, parecendo me admirar. De que, não sei.
Naquele momento eu tive vontade de agradá-la comprando-lhe alguma guloseima, mas uma pressa que não sei pra quê, me fez sair de lá sem fazer nada. Eu nunca a tinha visto. Ao sair, sorri pra ela, mas nem tive tempo de ver se ela correspondeu.
Não a esquecia, e pensava assim: Amanhã eu vou lá, procuro saber quem é, e faço um agrado. Mas não fiz nada.
Passaram-se três dias. Era sábado, por volta das duas horas da tarde, quando, da cozinha, ouvi um grande barulho e uns gritos. Minhas irmãs e minha mãe estavam no terreiro, e também ficaram apavoradas.
Fomos para a varanda que dá para a rua, para sabermos. Nesse momento, o dono da padaria passou aqui em frente, dirigindo devagarinho.
No banco de trás, a esposa dele, e uma menina deitada, parecendo morta.
Pensei assim: Não é possível... É ela!!
Chorei muito, muito, e contei o episódio para todos.
Fiquei ansiosa para saber mais. Fui na rua, e os vizinhos falaram que o pai dela estava fazendo um serviço em cima da laje nos fundos da padaria. Ela subiu lá, e caiu.
Nesse dia eu não soube mais nada. Na manhã seguinte eu fui na padaria e a dona estava lá. Perguntei sobre. De um jeito muito frio, ela disse que a levaram para o Hospital Regional do centro, e que ela passava bem. Falou para eu não me preocupar, porque aquela gente parecia cigano, e que tinha poucos dias que haviam chegado ali.
Ela se expressava como se se tratasse de um lixo.
Eu disse que iria visitá-la, e ela respondeu que eu não devia, porque ela estava bem e teria alta a qualquer momento.
Apesar de sua atitude estranha, eu não fui no hospital, acreditando que a menina voltaria. Eram inquilinos deles.
Voltei lá mais duas vezes, e ela me disse que eles haviam se mudado para outro estado, acho que; Tocantins, e que eu não me preocupasse com nada . Vi que ela não queria mais falar no assunto, e eu a importunava.
Voltei pra casa sentindo-me derrotada por mim mesma, e detestando o meu jeito de ser: “Devagar, quase parando”. Não sei o que houve com a menina. Não sei se ela morreu.
Perdi essa chance.
Nenhum momento se repete. Mas a consciência pesada, dura a vida inteira.
E AGORA, MARIA?
(10/04/2011)
segunda-feira, 9 de maio de 2011
LABUTA

quinta-feira, 5 de maio de 2011
SEM PROCURAR RESPOSTAS, APENAS RELATO OS FATOS.

SEM PROCURAR RESPOSTAS, APENAS RELATO OS FATOS
Há muitos anos, meu patrão me transferiu para uma madeireira que ele estava terminando de instalar. Era na mesma cidade que moro. O local ainda não tinha nenhum conforto. Era um galpão abarrotado de madeira, com o chão cheio de serragem, que deixávamos ali, como um tapete, até que tudo fosse ajeitado.
Era só eu de mulher, mais doze rapazes que faziam o serviço pesado. Eu preferia ficar numa mesa ao ar livre, porque as laterais eram escuras. Perto da mesa tinha um pilar, que foi feito de poste.
Como ainda não havia rondante, meu patrão levou pra lá, um cachorro muito grande, e dócil. Enquanto eu trabalhava, ele ficava deitado perto de mim, encostado no pilar.
Na hora de fechar a loja, ele parecia já saber que era o momento dele entrar em ação, e aí se levantava e ficava andando por todos os cantos como um segurança bem treinado.
Esse patrão tinha muitas esquisitices, mas adorava animais. Tinha a mania de ir colhendo todos que via abandonados pelos caminhos, colocava-os dentro do seu carro, e depois levava-os para a sua fazenda.
Esse rondante, também veio das ruas.
Num dia ele estava meio amuado, e não quis comer. Meu colega examinou-o e disse que ele estava com bicho de pé. Falou que depois de alguns dias, ele mesmo iria tirar os bichos com uma agulha.
Numa manhã, o trabalho era muito, e não demos a atenção que ele merecia. O coitadinho ficou dormindo ali mesmo, sem se mexer.
Eu escrevia rapidamente os lançamentos contábeis, para enviar no dia seguinte para o patrão, que quase não ia lá. Ele tinha outras empresas.
Sem tirar os olhos do papel, eu notei alguma coisa diferente à minha esquerda. Ao olhar, vi um vulto quase preto, no formato do cachorro que dormia. Só que na altura da minha mesa, como uma levitação. Olhei para o chão, e o cachorro estava no mesmo lugar.
Abismada, eu fiquei observando as duas imagens, uma acima da outra, numa altura de um metro mais ou menos.
Nunca ouvi nada parecido, em se tratando de animais. Por fim, conclui que o cachorro deveria estar morrendo. Reparei que ele parecia nem mais respirar.
Nesse momento, eu gritei os rapazes, e liguei imediatamente para o meu patrão. A pata do bichinho estava tão inchada, que parecia uma bola.
Eu disparei a chorar, e falei com o Gilberto, que ele parecia estar nas últimas. Ele ficou apavorado, e ligou para o veterinário. Poucos minutos depois, os dois chegaram lá.
O médico aplicou-lhe duas injeções, e disse que se tratava de uma infecção muito grave. Ali mesmo, ele tirou muitos bichos com o bisturi. O cachorro foi medicado durante uns dez dias, e depois voltou pra lá, ocupando novamente o seu cargo de guardião responsável e dócil.
A sensação que senti foi inigualável, e jamais esquecerei esse episódio.
04/05/2011