
OS CIGANOS
No meio dos anos cinquenta
Uma grande caravana
Trazendo muitos ciganos
Se acampou em Mariana
Pessoas chamativas
Cheias de cores e brilhos
Todas muito bem vestidas
E no corpo das mulheres
Muitas saias compridas
Lenços bonitos de cetim
Cobriam suas cabeças
Deixando as mechas compridas
Deslizando sobre as sedas
Quando o vento aumentava
Aqueles longos cabelos
Pareciam endoidar
E sobre as ondas de ar
Disparavam a dançar
Depois que o vento parava
Pouco a pouco sobre as costas
As mechas se acomodavam
Tornou-se a grande atração
Daquela pequena cidade
Aquele desfile bonito
Que mais fazia lembrar
Cena de filme bíblico
Eles andavam em bando
Enquanto janelas se abriam
Pras pessoas curiosas
Os guardarem na memória
Com grandes brincos de ouro
E também lindos colares
As ciganas nos paravam
Querendo ler nossa sorte
Mal começavam a falar
Para um brilho dourado se notar
Eram os dentes de ouro
Marca forte desse povo
Que sua riqueza queria mostrar
Enquanto elas nos abordavam
Os homens batiam nas portas
Vendendo tachos de cobre
E outros objetos de arte
Alguns tinham sotaque
De uma língua estrangeira
Fazendo esforço pra falar
A nossa língua brasileira
No meio de tantos homens
Um rapaz se destacou
Ele era bem bonito
Alto, magro e elegante
Com cabelos muito pretos
Roupas muito coloridas
Parecia um artista
Numa praça de Madri
Povoou a fantasia
De muitas moças do lugar
Como um príncipe encantado
Que tivesse saído de um livro
Para ali se acampar
Perto da tenda deles
Todas queriam passar
Na esperança que ele
Lhes concedesse um olhar
E pra desencanto delas
Um dia saiu um boato
Que aquele lindo cigano
Ia enfim se casar
O acampamento era imenso
Nós fomos lá para ver
Parecia cenário de um filme
Que alguém estivesse a fazer
As ciganas não paravam
De um lado pro outro andavam
Com vasos sobre a cabeça
Muita água transportavam
Foi num dia de domingo
Que aquele belo cigano
Escolheu pra se enlaçar
Do lado de fora do cercado
Muita gente curiosa
Contemplava a alegria
Daquela gente misteriosa
Leitão assado pra todo lado
Que nós só sentimos o cheiro
Muito vinho nas garrafas
Para aquele povo festeiro
Dançando no centro da tenda
Os noivos estavam felizes
E todos batiam palmas
Igual num conto de fadas
04/04/2006